domingo, 12 de setembro de 2010

Estado terminal

Quarenta e cinco anos, trabalhadora.
Apenas dez deles como criança.
Trinta e cinco de batalhadora,
Alegria? Só existiu na lembrança.

Como muitos nasceu pobre
E como pobre sempre viveu.
Dependente do estado nobre,
Como pobre também morreu:

Tinha um filho pra criar.
O marido se foi, nunca voltou.
Desde cedo aprendeu a lutar
E de punhos cerrados, sempre lutou.

A dor veio cedo, inexplicável.
Por um exame, meses de espera.
Cinco meses de dor insuportável,
O corpo portando uma fera.

Enfim o diagnóstico e a tristeza.
Câncer. Agora só resta morrer.
Não restavam dúvidas, era certeza.
“Não há nada que possamos fazer.”

Quarenta e cinco anos, trabalhadora.
Apenas dez deles como criança,
Trinta e cinco de batalhadora.
Alegria? Só existiu na lembrança.

Como muitos nasceu pobre,
E como pobre sempre viveu.
Dependente do Estado nobre
Como pobre também morreu.

O menino teve de seguir a vida.
Aos dez começou a trabalhar.
Carregou sempre uma ferida,
Uma ferida que nunca irá sarar.

Viveu triste, mas batalhador.
Como a mãe, também sofreu,
Mas nunca mostrou sua dor.
Foi forte, e mesmo forte viveu

Em estado terminal, sem salvação,
Uma vida difícil, sem calma,
Pois contraiu ódio no coração
E um tumor maligno na alma.


Por: Elvio Fernandes

Um comentário:

  1. Isso ae Elvio!!
    Como sempre nos prestigiando com seus poemas!!
    Bota o Ode ao Bonus ae pra brutalizar!!!
    rsrsrs

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